domingo, 2 de outubro de 2011

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA - CAP II

ORIENTAÇÃO COM CARTA E BÚSSOLA

O primeiro passo no sentido duma sobrevivência com êxito é saber ou determinar onde nos encontramos. Todos os anos há pessoas que se perdem - e algumas morrem - porque não dispunham de um mapa ou foram incapazes de utilizar eficazmente os que possuíam. A forma mais simples de evitar este risco é saber onde se encontra em cada instante da sua viagem. Embora o mais provável seja não dispor de mapas cobrindo todo o terreno de todas as viagens que faca - especialmente viagens ao estrangeiro, onde, por vezes, é difícil obter mapas de confiança-, poderá permanecer orientado de forma geral conhecendo a direção que seguia e o país (ou região) sobre o qual se deslocava.

Se está a abandonar um navio ou um avião no mar e o tempo o permite, procure saber as suas latitude e longitude, a diferença angular entre os nortes verdadeiro e magnético1, a direção mais curta para terra, a direção dos ventos predominantes, a corrente predominante das águas (se houver alguma) e a direção e distância para as rotas de navegação mais próximas.

Se for passageiro numa linha comercial (aérea ou oceânica), o capitão e a tripulação tomarão automaticamente o comando das operações de sobrevivência. Eles podem sentir que você não se deve «preocupar» com uma informação deste tipo. Chame-lhes a atenção para o fato de que lhes pode acontecer alguma coisa e de que quanto maior for o número de pessoas que estejam na posse de informação essencial respeitante à localização e a possíveis pistas de recolha, tanto mais provável será a cada um sobreviver.

Se estiver numa viagem de grupo ou safari com um guia, peça-lhe que o mantenha informado acerca do lugar onde se encontra e para onde irá. Estude com ele os mapas, tendo em atenção o seu deslocamento diário; pode suceder alguma coisa ao guia que o deixe a si privado do seu conhecimento especial sobre a região.

Leitura de cartas
Se a maior parte das pessoas exigissem saber ler uma carta, estariam totalmente certas. É que uma carta pode fornecer ao leitor uma grande quantidade de informação que não é imediatamente visível a olhos não industriados. De fato, a leitura de cartas pode ser, muitas vezes, um difícil e fascinante campo de estudo demasiado complexo para ser aqui abordado em grande pormenor. O que aqui apresentamos é uma explicação básica sobre cartas; a relação entre as cartas e as coordenadas geográficas ou linhas de latitude e longitude e o uso simples de uma carta associada a uma bússola.

O Exército e a Armada ministram cursos de leitura de cartas ao seu pessoal (alguns duram oito semanas, uma indicação sobre o quanto pode ser complexo este assunto aparentemente simples). A maior parte dos textos utilizados nestes cursos estão à disposição do público2.

                                                                   O que é uma carta?

A finalidade de uma carta é permitir-lhe visualizar uma porção da superfície da Terra tal como uma ave voando sobre ela vê o terreno. Evidentemente, devido à variação de ângulos e distâncias, nem mesmo uma ave vê todas as características do terreno nas suas devidas proporções e formas. Por isso, o cartógrafo tem de se concentrar nos pormenores que respondam aos interesses especiais do utente da carta. Por exemplo, um condutor de caminhão não tem interesse nenhum em possuir uma carta com pormenores tais como edifícios individualizados ou profundidades dos vários rios que atravesse. Se as estradas da sua carta parecem muitas vezes mais largas que as cidades que atravessam, o condutor aceita tal distorção porque assim ela serve melhor as suas necessidades.

Cartas itinerárias. - Mais corretamente designadas por cartas planimétricas, são mais úteis para nos deslocarmos do ponto A para o ponto B ao longo de um caminho ou estrada. Numa situação de sobrevivência, porém, elas são, certamente, melhores que nada. As cartas itinerárias orientam-se pela bússola, a qual o pode ajudar a determinar a direção para a área habitada ou de abastecimento de água mais próxima. Usando uma escala de distâncias ou um compasso, pode também estimar a que distancia está o ponto que deseja alcançar. Mas, mais importante ainda, pode determinar a direção e a distancia para o caminho ou estrada mais próxima, aumentando-lhe assim as hipóteses de ser recolhido. Se estiver perdido, procure um cruzamento de estradas ou entroncamento, o que lhe duplicará as probabilidades de encontrar um carro ou caminhão.

Cartas hidrográficas3. - São «cartas de navegação» indicando profundidades das águas, localização de canais, balizas e outros pormenores. Uma vez que quase não incluem pormenores de terra, não têm aplicação numa expedição terrestre, mas são de importância vital em viagens através do mar ou ao longo das costas. Os pilotos de avião usam uma espécie diferente de cartas; estas assinalam a localização dos aeroportos, as áreas interditas aos vôos e as coordenadas Loran4. Embora essencial para as tarefas específicas do piloto, esta informação é de pouca utilidade para o sobrevivente.

Cartas topográficas. - Estas cartas mostram todos os pormenores das cartas planimétricas mais as formas e elevações do terreno. São o tipo mais útil de cartas que se deve possuir numa situação de sobrevivência.

Informação marginal

Ninguém tentaria reunir os componentes de um móvel sem primeiro ler as instruções. As cartas também possuem um conjunto de instruções. Estas instruções, designadas por informarão marginal, encontram-se inseridas em todas as cartas topográficas. A informação marginal explica os sinais convencionais, indica distâncias e fornece uma escala para conversão das distâncias cartográficas em distâncias horizontais no terreno. A informação adquirida através destas notas marginais pode ser uma ferramenta para a sua sobrevivência.
Para facilitar a identificação dos pormenores da carta, dando-lhes uma aparência e um contraste mais naturais, os sinais convencionais são também normalmente impressos em cores diferentes, cada cor identificando uma classe de pormenores. As cores variam com os tipos de cartas, mas numa carta topográfica normalizada de escala grande6 as cores usadas e os pormenores que cada uma representa são:


Preto - Casas, estradas, caminhos, muros, vias férreas, limites, etc.
Azul - Para a representação dos pormenores relacionados com a água (rios, ribeiros, lagos, lagoas, etc.).
Verde - Vegetação.
Sépia - Relevo (curvas de nível, etc.).
Encarnado - Também para casas, estradas, caminhos, etc.

As elevações são indicadas com curvas de nível a sépia. A altitude encontra-se seguindo se uma das curvas de nível mais carregadas (designadas por curvas mestras) até se dar com um número que lhe interrompe a continuidade. Esse número está expresso em pés ou metros e todos os pontos da mesma curva estão à mesma distancia vertical acima do nível do mar, isto é, têm a mesma altitude7. As curvas mestras aparecem, por norma, de cinco em cinco curvas de nível. Ao fundo de cada carta há uma anotação indicando se o número está em pés ou em metros e qual a distancia vertical entre curvas de nível consecutivas, designada por equidistância natural.
Ao fundo de cada carta topográfica aparece uma escala gráfica (barra). Esta informação dá ao utente uma definição de escala para todos os pormenores naturais mais importantes. Por exemplo, se a carta indicar que a escala é 1:50 000, isto significará que uma unidade de medida na carta, em pés, jardas ou metros, é igual a 50 000 unidades no terreno. Para, além disto, a escala gráfica costuma ter, normalmente, barras graduadas em jardas, milhas e metros, de tal maneira que, se medirmos a distancia entre dois pontos na carta com uma simples tira de papel e a compararmos com uma das barras da escala gráfica, poderemos determinar diretamente a correspondente distância horizontal no terreno entre esses dois pontos. Para distâncias curtas, a escala inclui habitualmente subdivisões para a esquerda do zero, parte a que se dá o nome de talão.

Coordenadas geográficas
Se desenharmos um conjunto de anéis à volta da Terra, paralelos ao equador, e outro conjunto norte-sul cruzando o equador segundo ângulos retos e convergindo nos Pólos, formar se- á uma malha de linhas de referência que permitirá localizar qualquer ponto da superfície do globo. À distância de um ponto ao equador, quer esteja a norte, quer a sul deste, dá-se o nome de latitude. Aos círculos à volta da Terra paralelos ao equador dá-se o nome de paralelos.
Os principiantes na leitura de cartas ficam, por vezes, confundidos por as linhas de a latitude correr de leste para oeste, enquanto as distâncias norte-sul são medidas entre elas. 0 segundo conjunto de círculos em volta do globo formando ângulos retos com as linhas de latitude e passando pelos Pólos é o dos meridianos de longitude, ou, simplesmente, meridianos. De igual modo, as linhas de longitude correm no sentido norte-sul, mas as distancias leste-oeste medem-se entre meridianos. As coordenadas geográficas expressam-se em unidades angulares. Cada círculo está dividido em 360 graus. Cada grau está dividido em 60 minutos e cada minuto em 60 segundos. O grau é representado por, o minuto por ’ e o segundo por ’’. Começando com 0° no equador, os paralelos são numerados até 90°, quer para norte, quer para sul. As extremidades são o Pólo Norte, a 90° de latitude norte, e o Pólo Sul, a 90° de latitude sul. A latitude pode ter o mesmo valor numérico quer a norte, quer a sul do equador, mas a indicação N ou S tem de ser sempre dada. Começando com 0° no meridiano de referencia, a longitude mede-se, quer para leste, quer para oeste, à volta do mundo. As linhas a leste do meridiano de referência são numeradas até 180° e identificadas como longitude leste; as linhas a oeste daquele meridiano são numeradas até 180° e referidas como longitude oeste. A indicação L ou W tem de ser sempre dada. A linha diametralmente, oposta ao meridiano de referência, 180°, pode ser designada como longitude leste ou oeste. Por exemplo, o x da fig. 2-4 representa um ponto situado a 39° de latitude norte e a 95° de longitude oeste. Convencionalmente, a latitude escreve-se primeiro; por isso, a posição do ponto x devera ler-se 39° N 95° W. Embora os valores das coordenadas geográficas sejam dados em unidades angulares, terão maior significado se forem comparados com unidades de medida com as quais estejamos mais familiarizados. Em qualquer ponto da Terra, a distancia no terreno coberta por 1° de latitude é aproximadamente igual a 111 km (69 milhas); 1 segundo corresponde aproximadamente a 30m (100 pés). A distancia no terreno coberta por l° de longitude no equador é também de 111 km aproximadamente, mas este valor decresce à medida que nos deslocamos para norte ou para sul, até se tornar igual a zero nos Pólos. Por exemplo, 1” de longitude representa cerca de 30m no equador, mas a latitude de Washington, D. C., 1” de longitude é aproximadamente igual a 24m (78 pés). Como já foi indicado, as cartas produzidas por alguns países não têm os valores das longitudes referidos ao meridiano de Greenwich, na Inglaterra. A seguir apresentam-se os meridianos de referencia usados por outros países. Quando estas cartas são produzidas nos Estados Unidos, aparece por norma uma nota na informação marginal indicando a diferença entre o meridiano de Greenwich e o que for usado na carta. Para converter as cartas desses países ao meridiano de Greenwich, some ou subtraia (conforme estiver a leste ou a oeste do meridiano de Greenwich) os seguintes valores:

Amsterdã, Holanda____________________ 4 53 01 E
Atenas. Grécia________________________23 42 59 E
Jacarta. Indonésia_____________________ 06 48 28 E
Berna. Suíça__________________________ 7 26 22 E
Bruxelas, Bélgica_______________________4 22 06 E
Copenhage, Dinamarca_________________ 12 34 30 E
Ferro. Canárias_______________________ 17 39 46 W
Helsinque, Finlândia____________________24 57 17 E
Istambul. Turquia______________________ 28 58 50 E
Lisboa, Portugal_______________________ 9 07 55 W
Madrid. Espanha_______________________ 3 41 15 W
Oslo, Noruega_________________________10 43 23 E
Paris. França___________________________2 20 14 E
Pulcovo, URSS________________________30 19 39 E
Roma, Itália__________________________ 12 27 08 E
Estocolmo, Suécia_____________________ 18 03 30 E
Tirana. Albânia_______________________ 19 46 45 E

Orientação de cartas
Para saber na carta onde se encontra, estude cuidadosamente o terreno circundante. Há algumas colinas ou picos, ribeiros ou rios, estruturas feitas pelo homem, tais como celeiros, torres ou linhas de caminho-de-ferro, nas redondezas? Escolha dois destes pormenores proeminentes e depois os relacione com a carta. Embora todas as cartas se segurem de tal modo que possam ser lidas com o lado norte virado para cima, rode-a até que fique em correspondência com o terreno. A direção para onde estamos virados ou para onde queremos ir pode agora ser determinada pelas coordenadas geográficas da carta. A isto se chama orientar a carta.

Direções

Na vida quotidiana, as direções são expressas em termos como «direita», «esquerda», «em frente», etc., mas uma pergunta se impõe: «Para a direita de quê?» Os utentes das cartas precisam de um método para indicar uma direção que seja precisa, adaptável a qualquer área do mundo e tenha uma unidade de medida comum. As direções expressam-se em unidades angulares, existindo vários sistemas em uso. A unidade angular mais comumente utilizada, contudo, é o grau, com as suas subdivisões em minutos e segundos. 0 grado é uma unidade angular que se encontra em algumas cartas estrangeiras. A circunferência tem 400 grados (um ângulo reto - 90° - equivale a 100 grados). 0 grado divide-se em 100 minutos e o minuto em 100 segundos. Esta unidade usa-se com o sistema métrico. Para se medir qualquer coisa, tem de haver sempre um ponto de partida ou zero. Para se expressar uma direção através de uma unidade angular, tem de haver um ponto de partida ou zero e um ponto de referencia. Estes dois pontos definem a base ou linha de referencia. Há três linhas-base: o norte geográfico ou verdadeiro, o norte magnético e o norte cartográfico ou da quadrícula. Os mais comumente utilizados são o magnético e o cartográfico; o magnético quando trabalhamos com a bússola e o cartográfico quando usamos uma carta militar.

O norte geográfico é o ponto de intersecção de todos os meridianos ao norte do equador. O norte geográfico é habitualmente representado por uma estrela8.

O norte magnético é a direção do pólo norte magnético, indicada pela agulha magnética.
É normalmente representado pela metade da ponta de uma seta9.

O norte cartográfico é definido pelas linhas verticais da quadrícula das cartas. Pode ser simbolizado pelas iniciais GN10 ou pela letra y.

O método mais comum de expressar uma direção é o dos azimutes. Define-se azimute de uma dada direção como senda o ângulo horizontal que essa direção faz com a linha norte-sul contado a partir do norte e sempre no sentido do movimento dos ponteiros do relógio. Quando se pretende o azimute da direção definida por dois pontos na carta, unem-se os pontos por meio de uma linha reta e com um transferidor mede-se o ângulo formado pela linha norte-sul cartográfica e a linha desenhada entre aqueles dois pontos. A origem dos azimutes é o centro do círculo de azimutes. Os azimutes tomam o nome da linha-base a partir da qual são medidos: azimutes verdadeiros ou geográficos a partir do norte geográfico, azimutes magnéticos a partir do norte magnético e azimutes cartográficos a partir do norte cartográfico ou da quadrícula. Assim, qualquer direção dada pode ser expressa de três formas diferentes: um azimute cartográfico se medido numa carta topográfica, um azimute magnético se medido com uma bússola ou um azimute verdadeiro (geográfico) se medido a partir de um meridiano. Um azimute inverso é o reverso da direção de um azimute. É comparável ao fazer «meia volta». Para obter o azimute inverso de uma dada direção, some 180° ao azimute dado se e for inferior ou igual a 180°, ou subtraia 180° se aquele for superior ou igual a 180°. 0 azimute inverso de 180° pode ser 0° ou 360°. A maior parte das cartas de escala grande apresentam um diagrama de declinações destinado a habilitar o utente a orientá-la corretamente. O diagrama mostra a relação entre os nortes magnético, cartográfico e geográfico. Nas cartas de escala média, a informação sobre a declinação é apresentada em nota à margem. Declinação de um lugar é a diferença angular entre o norte geográfico e os nortes magnético ou cartográfico.

A bússola

A bússola portátil é o instrumento mais simples e mais comumente utilizado para determinar e medir direções e ângulos. Aparece-nos mais variados estilos, desde simples modelos de pulso ou de bolso aos mais complexos modelos de limbo móvel (Slyva) ou prismáticos. Todos os modelos são úteis para navegação básica e todos devem estar equipados com algum tipo de estojo para proteção das lentes. O modelo Slyva está embutido numa placa retangular de plástico transparente, a qual apresenta escalas gravadas nos bordos e. Uma grande seta (a chamada seta da direção de progressão) impressa. A bússola prismática tem uma peça metálica articulada equipada com uma lente amplificadora que permite ler as pequenas marcas dos graus quando se determinam rumos. A cobertura de proteção desta bússola possui uma ranhura de mira para apontar a referência no terreno. Para leitura e orientação básica de cartas, qualquer bússola serve, desde que seja precisa e usada longe de objetos de aço ou ferro, ou fora de Áreas com depósitos conhecidos de magnetize, um tipo de minério de ferro. Dado que todas as bússolas apontam o norte magnético e não o norte geográfico, todas as cartas trazem, no centro, uma indicação sobre o valor da declinação magnética, a qual varia de lugar para lugar através do mundo. Por exemplo, nos Estados Unidos, a direção do norte verdadeiro sobrepõe-se à direção do norte magnético segundo uma linha que corre para sul sensivelmente desde a península superior do Michigan, através de Chicago, até ao extremo sul da Florida. Em qualquer ponto a leste ou a oeste desta linha passa-se a um azimute geográfico somando ou subtraindo o necessário número de graus indicado na carta. Embora estas correções não sejam necessárias para pequenos deslocamentos, no caso de uma exploração prolongada, digamos, no Noroeste do Pacífico (onde a declinação magnética chega aos 20° leste) estas correções entre a carta e a bússola são cruciais. Usar uma carta e uma bússola é simples, dado que não lhe exige mais que manter a direção definida pelo ponto onde esta e aquele que pretende atingir. Mesmo que a rota esteja obstruída por um pau ou pântano não indicado claramente na carta, basta fazer um desvio com três ângulos retos em volta do obstáculo para se encontrar não só do outro lado desta, mas também na rota certa para o objetivo pré selecionado. Será pouco provável que só após um longo deslocamento encontre à distância algum acidente de terreno que coincida com um dos pontos da carta. Apenas em bosques cerrados ou floresta é difícil usar pontos de referência. Por isso, pode ser necessário subir nas árvores mais altas para identificar à distância as linhas de alturas ou outros acidentes do terreno. Ocasionalmente, até mesmo do alto da calote verde da floresta é difícil destrinçar os rios e os ribeiros da selva circundante, devido à uniformidade das alturas e à densidade florestal. Por esta razão e muitas outras, logo que localize um rio na selva, agarre-se a ele como origem de água, alimentos e orientação elementar. A triangulação é apenas uma forma de determinar a sua posição na carta com a ajuda de dois pontos de referência, no caso de não estar próximo ou num desses pontos. Com uma bússola determine o azimute para o ponto A e depois para o ponto B. Transfira estes azimutes para a carta conforme se indica na figura 2-6 e o ponto onde as duas linhas se cruzam é o ponto onde se encontra 12. A única vez que a coordenação estreita entre a bússola e a carta é crucial é quando estiver a tratar uma rota em ziguezague através de terreno acidentado. Nesta circunstância, é necessário converter em passos a distancia de cada troço medida na carta, partindo do principio de que o seu passo médio vale cerca de 76 cm. A escala gráfica na parte inferior da carta ajudá-lo-á a simplificar a conversão em jardas, metros ou milhas das distancias medidas na carta. Contudo, antes de prosseguir noutra direção, terá de determinar a sua posição com a maior aproximação possível. No caso de o seu objetivo ser um acidente de terreno de grandes dimensões, tal como uma estrada transversal, a sua direção geral de progressão, não se torna essencial uma precisão pontual. Mas, se procura atingir uma cabana num bosque profundo ou uma  cumeada entre várias, qualquer erro de poucos metros no princípio poderá afastá-lo milhares de metros do objetivo. Por isso, determine cada uma das direções com a maior precisão possível. Não seja lisonjeiro na avaliação da sua progressão em terreno acidentado. Embora possa ser capar de «trotar» 1600 m em oito minutos ou andá-los em quinze minutos, será já muito bom que consiga fazê-los, em média, numa hora se transportar às costas algo pesado ou se se deslocar em montanha e onde haja árvores caídas. Esta é outra razão para usar a carta e a bússola e fazer a contagem dos passos. Muita gente costuma sair do acampamento de manhã apenas para regressar, exausta, à tarde. Podem ter-se aproximado corretamente do acampamento, mas fizeram meia volta apenas a escassas centenas de metros da clareira convencidos de que já tinham andado de mais.

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